sábado, 21 de abril de 2007

Dizimistas


Eu sempre tive uma certa simpatia pelas Igrejas Evangélicas (ok, na verdade nem sempre, quando eu fui vizinho de uma eu meio que desenvolvi um sentimento não muito frataernal em relação a elas (sabe como é, na teoria é tudo muito bacana, até você ter que ouvir 3 exorcismos por semana...)).

As pessoas em geral (excetuando-se os fiéis é claro) tem sérias ressalvas com essas igrejas. Na maioria das vezes porque, segundo essas pessoas, elas (as igrejas) exploram pessoas humildes e de formação mais frágil, que estão lá devido alguma coisa muito ruim que aconteceu em suas vidas, e mesmo assim os bispos não pensam duas vezes antes de "sangue sugarem" todas essas pessoas de canudinho.

Eu vejo isso de uma forma bem simples (pessoas limitadas tendem a ser simplistas), eu vejo como uma mera prestação de serviço. Algumas pessoas simplesmente precisam de algo para preencher as suas almas e lhes dar força e algum sentido. Não pode ser nada muito complicado nem muito trabalhoso, mas definitivamente tem que ter uma contraprestação, do contrário haveria margem para maiores questionamento (assim, sempre que surgir uma questão, basta se lembrar que você está em dia com o dízimo e que tudo vai se resolver). E eu acho tudo isso bastante justo, afinal, qual o grande problema? E de fato essas igrejas realmente fazem bem para algumas pessoas a ponto de salvar algumas vidas, e se algumas pessoas enriquecerem no caminho eu não ligo. Nao mesmo (desde que elas não evadam divisas...).

Mas o motivo do meu post foi que voltando para casa eu pensei em mais uma função social das igrejas evangélicas, elas ajudam a reduzir a criminalidade! O que, você não concorda? Tô falando merda? Pode ser... Mas eu conheço (pessoalmente, afinal ele já quis me bater) um assassino que se converteu e hoje tem um emprego honesto não matou mais ninguém...

Eu sei que ilustrar idéias com exemplos pessoas é tão idiota que chega a ser infantil, mas assim como esse exemplo devem existir vários outros. Em tempos como os que vivemos, toda ajuda é bem vinda...

8 comentários:

Leonardo Moscardini disse...

Pois é caro amigo, não chego a concordar totalmemte com vc a respeito das igrejas evangélicas, pois não qualifico como "bom" esses homens dóceis que as igrejas em geral gostam de fabricar, ou, como dizia Fernando Pessoa, casados, fúteis, cotidianos e tributáveis. Mas deve-se notar que a maioria das críticas que se fazem a essas igrejas são uma espécie de ressentimento, falam mal como se ouvesse uma forma mais pura de se fazer religião e igrejas, - igual aqueles caras que criticam os católicos e a bíblia com argumentos
purmente moralistas, até cristãos, ou seja, os mesmos argumentos que legitimam a Bíblia e a religião católica. Então, se nós pensássemos que essas igrejas evangélicas são mers empresas e que a fé é o produto que elas vendem, pq se revoltar especificamente contra elas? Elas não fazem parte de um conjunto maior de coisas? Alguém fala mal de uma fábrica de macarrão pelo fato de tal produto ser prduzido e vendido em massa? Estou, por acaso, sendo compreendido?

Infante disse...

Interessante a sua colocação, mas uma coisa que eu acho que temos que ter em mente é: funcioria um mundo sem homens "casados, fúteis, cotidianos e tributáveis"? Concordo com Aldous Huxley, para que haja equilibrio, o mundo precisa de alfas, betas etc. Logo, não acho que esse seja um grande problema.
Concordo com o que vc diz no final e achei muito boa a comparação que vc fez.

Abraços

P.S. Quanto ao poema do Fernando Pessoa, não acho que seja uma crítica a isso específicamente, eu acho, que somente neste verso há uma alfinetada ao "homem médio". Mas não que seja a essencia do poema.

Leonardo Moscardini disse...

Poxa vida, quem sou eu para dizer qual deveria ser o funcinamento das intituições de controle da sociedade, ou seja, como deve funcionar o mundo.
É claro que é possível um funcionamento da sociedade sem homens com aquela descrição, pois Fernando fez uma descrição jocosa do homem moderno, adaptado à sociedade moderna, etc. Tudo depende de que homens queremos e para qual sociedade esses homens são produzidos (supondo que eu seja aki o senhor dessa sociedade).
Mas para vc não ficar achando que eu sou um negativista, eu gosto muito dos índios e das sociedades indígenas do tempo da Descoberta, hehehe.

P.S.: Eu sei, se eu não me engano, a melhor parte desse poema, na minha opinião, é: "Não faço mais anos, somam-se os dias". É que eu acho aquela descrição é axiomática, portanto, eu separei do sentido do poema, entende...

Infante disse...

Vc acha mesmo que se todos fossem bonitos, inteligentes e limpinhos como você o mundo ainda assim funcionaria? Quem se resignaria a ser gari? Ou limpador de esgotos? Ou estgiário de direito?

P.S. Entendo sim e concordo. Eu só quis ser cri-cri...

Eduardo Dalcin disse...

Desculpe intrometer, mas creio eu que o Adous Huxley ao dizer que a sociedade precisa de alfas, betas etc foi de maneira crítica à sociedade moderna e ao progresso. Ele questiona a estabilidade criada em seu admirável mundo novo, relatando a alienação e imaturidade emocional das pessoas. Seria como se a sociaedade moderna abrisse mão da beleza e paixão humana.

Penso que as igrejas evangélicas (não apenas elas) em sua maioria alienam os fiéis, aplicando-lhes valores da moralidade cristã excessivamente e impedi-los de criar uma opinião, ou até mesmo respeitar suas individualidades. Além de instalar dentro desta pessoa pobre, sem estudo e senso crítico, um conformismo com a sua condição social e com as injustiças o qual é tratado.

Ou seja, a moralidade ajuda a sustentar a pobreza, a miséria. Pode ser até bom o fato das igrejas fazerem diminuir a criminalidade, porém se caso houvesse uma menor exclusão social, veríamos menos crimes por aí. E menos escravos da moral também.

Leonardo Moscardini disse...

Pobreza? Miséria? Injustiças e exclusão social?

Ironicamente eu dou à tudo isso - e à moralidade que sustenta essa situação - o nome de "Ordem"!

E se o nosso laço social tivesse como base tudo isso que vc citou? E se a sociedade dependesse dessa alienação que vc citou para movimentar as suas rodas dentadas?

Acho que é por isso que há quem defenda as nossas instituições sociais atuais. Há quem prefira atolar-se numa fossa suja e fedida, onde pelo menos pode-se medir a profundidade, a enfrentar os perigos e as incertezas da ameaçadora floresta virgem.

Avisem-me se eu forcei a barra nesse post.

Infante disse...

Ainda n�o vi grandes diverg�ncias...

Eduardo Dalcin disse...

E se ela não dependesse? Por quê dependeria?